Livro retrata Serra do Tabuleiro em quase mil imagens
Um Olhar Naturalista da Serra do Tabuleiro e Região”
desperta o fascínio pela biodiversidade e o interesse na preservação
Mais de 900 fotografias convidam o leitor de “Um Olhar Naturalista da Serra do Tabuleiro e Região” a conhecer um dos ecossistemas de maior biodiversidade do planeta e que faz parte da formação do povo catarinense. Os registros são fruto de um trabalho de 20 anos do biólogo Fernando Maciel Brüggemann na região da Serra do Tabuleiro, onde estão presentes cinco dos seis ecossistemas do estado.
Aspectos culturais, como a relação dos povos indígenas com a natureza, também são revelados em um glossário de denominações tupi-guaranis. Nomes de plantas e animais dados pelos índios formam importante herança linguística de Santa Catarina.
A obra tem como objetivo despertar, principalmente entre estudantes da região, a importância da preservação para a sobrevivência de milhares de espécies e para a qualidade de vida dos moradores da Grande Florianópolis.
Cerca de 3 mil exemplares do livro serão distribuídos gratuitamente em escolas e instituições de ensino dos municípios que fazem parte do Parque da Serra do Tabuleiro – Florianópolis, Palhoça, Santo Amaro da Imperatriz, Águas Mornas, São Bonifácio, São Martinho, Imaruí e Paulo Lopes. “Com isso queremos que os estudantes conheçam melhor essa floresta tão próxima deles. O aprendizado é a melhor forma de preservação”, afirma Fernando Brüggemann.
Biodiversidade
Levantamentos preliminares da Fundação do Meio Ambiente (Fatma) indicam que o parque da Serra do Tabuleiro pode abrigar até 2.500 espécies de plantas. No livro, Fernando Brüggemann destaca a grande diversidade de espécies de orquídeas e bromélias. “Nessa região existem mais orquídeas do que em toda Europa. Quando pesquisadores estrangeiros chegam aqui, ficam maravilhados com tantas variedades”, afirma.
Nos últimos 10 anos, o biólogo e colegas catalogaram 200 espécies de orquídeas – algumas com poucos centímetros, até três milímetros, outras exalam aromas, como de baunilha, e há ainda uma espécie de importância histórica. Nessa região é encontrada a orquídea Laelia purpurata – rara na natureza e flor símbolo do Estado de Santa Catarina.
Na região existe também uma grande quantidade de bromélias, o que é responsável por parte da fama da Mata Atlântica como detentora da maior biodiversidade do planeta. A maioria das bromélias forma uma espécie de “cálice” que permite grande acúmulo de água, até 4 litros numa única planta, e onde sobrevivem algas, protozoários e pequenos animais.
Devido ao trabalho do biólogo Fernando Maciel Brüggemann na região, o sobrenome dele integra o nome dado a uma bromélia recém-descoberta na região pela botânica Josy Zarur de Matos. Na tese de Doutorado na Universidade de Alicante, na Espanha, ela descreve uma nova bromélia, resultado do cruzamento natural de duas plantas, e que recebeu o nome Vriesea x bruggemanni.
O livro traz ainda fotos de mamíferos, aves, répteis e anfíbios que despertam a curiosidade do leitor e contribuem para o fascínio sobre essa biodiversidade. Imagens de animais camuflados, por exemplo, mexem com o imaginário. “Existem registros de vários grupos de animais que se camuflam entre a folhagem verde, troncos e ramos de árvores, junto às flores, sobre pedras e principalmente entre as folhas secas do chão”, revela Fernando.
O biólogo destaca ainda a importância da polinização feita pelas borboletas no equilíbrio ecológico da região. Não é apenas a beleza das múltiplas cores que chamam a atenção. As borboletas funcionam como indicador de qualidade ambiental. “Elas são muito sensíveis à devastação e à poluição. Para se ter uma ideia, existem espécies que dependem de uma única espécie de planta, onde depositam os ovos.”
Relações culturais
A biodiversidade da região causa fascínio há séculos. Índios das etnias Guarani e Xokleng escolheram a Serra do Tabuleiro e deram início a uma relação histórica entre o homem e a natureza. Eles descobriram centenas de espécies. Alguns registros também são trazidos no livro, como imagens de artefatos indígenas, pontas de flechas e sítios arqueológicos.
Um glossário com nomes de plantas e animais em tupi-guarani é outro destaque da obra. “Muitos nomes vêm da cultura guarani. Os povos indígenas deixaram uma importante herança cultural e linguística sobre essa região”, afirma Fernando, que no capítulo sobre cultura indígena contou com a parceria do historiador Adelson André Brüggemann.
O livro “Um Olhar Naturalista da Serra do Tabuleiro e Região” é uma realização do Ministério da Cultura e da Incentive*, com patrocínio exclusivo da Tractebel Energia. O projeto foi viabilizado através da Lei Rouanet.
Sobre o Parque da Serra do Tabuleiro
A Serra do Tabuleiro possui cerca de 85 mil hectares e quase toda área foi transformada em unidade de conservação de proteção integral em 1975. “Com a criação do parque foram criadas mais condições para preservar essa região que é considerada zona núcleo da Reserva da Biosfera da Mata Atlântica, instituído pela UNESCO.”
Vale destacar que a Serra do Tabuleiro é um dos mais importantes emissores de recursos hídricos do litoral catarinense. Os mananciais dessa região abastecem aproximadamente um milhão de pessoas da Grande Florianópolis e algumas cidades do Sul do Estado. Os rios funcionam ainda como “termômetros”, indicando a qualidade da cobertura vegetal e uso do solo, biodiversidade que contribui também para a economia da região.
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