Cervejarias de Santo Amaro da Imperatriz se mobilizam para criar novo polo da bebida na Grande Florianópolis

Qualidade da água é um fator que motivou empresas a se instalarem na região

 

Santo Amaro da Imperatriz já ganhou fama pela qualidade da água mineral e pelas termas que atraem turistas de todo o Brasil. Agora quer chamar a atenção pelo polo cervejeiro que acaba de nascer. De 2013 para cá, as marcas Badenia, Jester e Faixa Preta se instalaram na região e prometem novidades para atrair turistas e apreciadores da bebida este ano.

De acordo com Rosangela Buitoni, fundadora da Cervejaria Jester, em Águas Mornas, as três empresas estudam realizar uma festa conjunta. A ideia é reforçar a cultura alemã, forte na região, com uma Oktoberfest.

– Não queremos competir com a festa de Blumenau, mas promover as nossas marcas e a região – diz Rosangela.

O surgimento do novo polo cervejeiro está relacionado à legislação que proíbe novas indústrias em Florianópolis. A Cervejaria da Ilha, fundada em 1999, é a única em operação na cidade. A Sambaqui também mantém um pub em Santo Antônio de Lisboa, mas a fabricação é feita fora da Ilha.

Além do fator geográfico, a qualidade da água é um fator que motivou as empresas a se instalarem na região. Apesar de a tecnologia permitir que as empresas corrijam a água para a produção da cerveja, o fato é que o lençol freático tem condições técnicas muito favoráveis.

De acordo com Tarciano Oliveira, presidente da Associação Catarinense das Indústrias de Água Mineral de SC (Acinam), quanto menores as concentrações de sódio, melhor é considerada a condição da água. Enquanto em alguns produtos esse elemento chega a 130 mg/ litro, em Santa Catarina a concentração é de 2,5 mg/litro.

 

Com sotaque germânico

Guenther Sauer e Oliver Ralf Boje deixaram a Alemanha há anos, mas trouxeram na bagagem receitas originais do país natal. Em outubro de 2008, os dois desembarcaram em Florianópolis dispostos a fundar uma microcervejaria. Como a legislação ambiental não permite mais instalar indústrias na Ilha, eles passaram a procurar áreas na região metropolitana.

Em abril de 2011, Sauer e Boje encontraram em Santo Amaro da Imperatriz o espaço ideal para empreender. Em abril de 2013, foi inaugurada a Cervejaria Badenia com a marca própria Greifenbier (nome inspirado no grifo, um animal mitológico que tem cabeça de águia e corpo de leão). O local abriga não só a microcervejaria, mas um bar, bistrô e choperia batizado de Gasthaus Badenia. O projeto consumiu R$ 2 milhões em investimento.

Hoje são fabricados três estilos de cerveja – lager claro, escuro e trigo – em um volume que deve ficar entre 10 e 12 mil litros por mês em 2014. O mestre-cervejeiro Oliver Boje prepara um terceiro estilo que ainda não foi anunciado.

– Queremos montar uma festa com as três cervejarias, mas ainda não temos data definida – afirma Sauer.

No restaurante, a Badenia serve comida típica alemã, inspirada na cultura da região de Baden, na Alemanha, de onde Sauer e Boje são naturais. Entre os pratos, está o spätzle, uma massa cozida feita de farinha de trigo.

 

A cerveja do judoca

Dos tatames e campos de futebol para uma microcervejaria. Essa foi a troca que o judoca e ex-árbitro do Campeonato Brasileiro Renildo Nunes optou nos últimos anos. Há um mês ele comercializa junto com a esposa, Cleide Marchi, seu chope na Grande Florianópolis e em Balneário Camboriú. Batizada de Faixa Preta, a bebida é fabricada em Santo Amaro da Imperatriz.

O empresário revela que optou pelo local por causa da qualidade da água, retirada de um lençol freático no próprio terreno e filtrada duas vezes por uma estação de tratamento. Além disso, a região próxima do litoral influenciou sua escolha.

– Comecei a fazer chope em casa. Mais tarde, fiz um curso de mestre cervejeiro no Senai de Vassouras (RJ) em 2010. Já estou no ramo há cinco anos.

O chope – pilsen e weisen (de trigo) – tem como destino festas particulares, bares e o próprio pub do casal, que fica ao lado da microcervejaria. O investimento aproximado foi de R$ 500 mil.

Apesar do negócio ser recente, a Faixa Preta vendeu em dezembro 4,5 mil litros da bebida e tem capacidade para produzir até 9 mil litros. Está nos planos do casal a compra de mais equipamentos e ampliar a produção.

– Para produzir, você precisa perceber a textura e o aroma. Passo até oito horas aqui rabalhando sem reclamar – diz Nunes.

Se a cerveja fica por conta de Nunes, todo o conceito do interior do pub Faixa Preta é de responsabilidade de Cleide. Lanternas de canecos de chope, cardápio com a “dieta do chope” e curiosidades sobre como pedir a bebida em algumas línguas mostram que o lugar respira a bebida.

 

Receita de família

A família Buitoni já costumava produzir cerveja em casa desde a década de 1980. Em 2001, o filho Andre Buitoni deixou o Brasil para estudar em Berlim, de onde voltou mestre-cervejeiro. Em fevereiro de 2013, decidiu transformar a paixão em negócio e fundou a microcervejaria Jester, em Águas Mornas. O nome significa bobo da corte em alemão e a fábrica está instalada em um prédio inspirado nos castelos medievais.

Hoje a produção está em 6 mil litros por mês, mas a capacidade é de 20 mil litros. Na área da Jester há cinco nascentes – mas só uma abastece a produção. De acordo com Rosangela Buitoni, mãe de Andre, a qualidade da água, com baixa presença de metais, favorece a fabricação da cerveja. A Jester produz cinco estilos: pilsen, stout, american pale ale e weizen. A marca atende a região, mas já mira o mercado de São Paulo.

– Em 2014, queremos engarrafar o nosso produto – afirma Ronsangela.

 

Fonte: http://diariocatarinense.clicrbs.com.br/sc/economia/noticia/2014/01/cervejarias-de-santo-amaro-da-imperatriz-se-mobilizam-para-criar-novo-polo-da-bebida-na-grande-florianopolis-4381615.html