UFSC prepara documentário para homenagear Egon Schaden
O pai da antropologia no Brasil nasceu em São Bonifácio,
na Grande Florianópolis
Ele é um marco na antropologia brasileira, que transcendeu as fronteiras do país. Foi autor da primeira revista da ciência que estuda as relações e a evolução do homem, além de ter sido professor e responsável pela criação de disciplinas e da escola de comunicação e artes em uma das universidades mais renomadas do Brasil, a Universidade de São Paulo (USP). Egon Schaden, que faleceu em 1991, nasceu em São Bonifácio, a 79 quilômetros de Florianópolis. Ao ser relembrado por familiares e seguidores de sua sabedoria, é sinônimo de nobreza e solidariedade.
O antropólogo cresceu ao som de dialetos alemães, do bom português do pai e da língua indígena, que o acabou tornando especialista na cultura Guarani. Sua bagagem educacional iniciou ali mesmo, na pequena colônia São Bonifácio, com atualmente pouco mais 3 mil habitantes, e que habitou no passado índios nômades, imigrantes católicos e luteranos, emigrados da Alemanha.
O pai, o alemão Francisco Schaden, chegou ao Brasil no início do século XIX, entre o fim das Guerras Napoleônicas e início da Primeira Guerra Mundial. Foi o primeiro professor de São Bonifácio e organizador comunitário. Egon, o filho mais velho de 11 irmãos, foi o único a seguir os passos do pai no domínio das letras, e o único a permanecer fora da cidade até sua morte.
Aos 12 anos, após uma visita do governador Adolpo Konder ao município, Egon foi presenteado com uma bolsa no Ginásio Catarinense – hoje Colégio Catarinense, em Florianópolis. O caminho rumo ao domínio da Antropologia começou nessa época, que posteriormente o encaminhou para o curso de Filosofia, Ciências e Letras da USP, onde se formou em 1937.
Centenário em 2013
Ano que vem, Egon Schaden, se estivesse vivo, completaria 100 anos. O Núcleo de Antropologia Audiovisual e Estudos de Imagem, da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) produz o documentário Egon, meu irmão, que dever ser concluído no início de 2013, no ano do centenário do nascimento de Egon. A história do antropólogo de destaque nacional e internacional é, em parte, contada pelos irmãos, que se encontraram especialmente para a ocasião.
Para estudiosos do Grupo de Pesquisa Práticas Interdisciplinares em Sociabilidades e Territórios (PEST) da Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc), a data é motivo para relembrar a importância de Egon na história de São Bonifácio e da Antropologia no Brasil.
Atualmente, o grupo desenvolve uma pesquisa na cidade e pretende organizar um seminário e atividades em comemoração ao centenário de Egon, em parceria com a Empresa se Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (Epagri) e a prefeitura de São Bonifácio.
Para o antropólogo e coordenador do PEST, Pedro Martins, o legado de Egon Schaden na antropologia precisa ser relembrado e reforçado, já que se trata de um patrimônio grande e pouco explorado. De certa forma, afirma, não manifestado.
— A família de Egon está ali. Ele é o elo da antropologia da pré-história para a história. Ele trabalhou em um momento que nada se sabia. Resgatar o seu trabalho é um mote. É importante para São Bonifácio e para Santa Catarina, pois a produção dele ainda está viva.