08 de Dezembro – Feriado Municipal

Em consideração à relevância religiosa em que a Gruta Nossa Senhora de Lourdes, de Vargem Grande, se constituiu, tornando-se pólo de peregrinação de toda a região, em 1982, a Prefeitura Municipal de Águas Mornas introduziu no rol dos feriados municipais o dia 08 de dezembro, data consagrada à Imaculada Conceição.

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HISTÓRICO DA GRUTA NOSSA SENHORA

DE LOURDES

VARGEM GRANDE – ÁGUAS MORNAS – SC

Toni Jochem

Mestre em História

 

Na comunidade de Vargem Grande há uma gruta dedicada a Nossa Senhora de Lourdes. Seu idealizador foi João José Steinbach[1]. A gruta teria sua gênese creditada a uma visão de Catarina Steffens Steinbach. Segundo a imprensa, a idéia foi elaborada “após relatos de Dona Catarina, uma senhora da localidade, que disse ter avistado uma imagem no local, no meio da mata, que, segundo ela, lhe parecia com a imagem de Nossa Senhora”[2]. Efetivamente, João José Steinbach começou a projetá-la no ano de 1961, muitos anos após a pretensa visão de Catarina Steffens Steinbach, não se sabe exatamente o porquê de tal atitude[3].

Procurando na localidade um terreno adequado onde pudesse construir uma gruta, João José Steinbach encontrou-o nas propriedades do casal Evaldo Schmidt e Iraci Beppler Schmidt e da viúva Catarina Steffens Steinbach. Era um terreno, cujo relevo era excessivamente acidentado e pedregoso e, por isso, não utilizado para a agricultura. Possuía um grande paredão de pedra, considerado em condições de nele se construir o nicho para abrigar a imagem de Nossa Senhora. O Pe. Frei Anésio München, com a permissão do então pároco Pe. Frei Fidêncio Feldmann, visitou o terreno e o aprovou, revigorando o projeto da construção da gruta. Posteriormente, esse terreno foi doado para a Mitra Diocesana de Florianópolis.

O nicho foi feito por Orlando Müller, que trabalhou voluntariamente[4]. Assim como trabalharam diversos membros da comunidade para a adequação do terreno. Além desses, trabalharam, na condição de diaristas, os seguintes senhores: Oldemar Steinbach, Bernardo Steinbach, Beto Hinkel, Bruno Hinkel, Pedro Steinbach, Pedro Mayer e Floriano Meyer[5].

A imagem de Nossa Senhora de Lourdes, com um metro de altura, de gesso, foi encomendada por João José Steinbach no dia 18 de julho de 1961, na Vidraçaria Santa Efigênia, em Florianópolis, antes mesmo de iniciar a construção da gruta. A imagem de Santa Bernadete foi doada posteriormente por Floriano Meyer e entronizada na gruta. Ao que tudo indica, a inauguração e bênção da gruta teve lugar em 8 de dezembro de 1961, sendo a solenidade religiosa oficiada pelo Pe. Frei Anésio München.

Tem-se que, “uma curiosidade da época foi a não aprovação do então (pároco) Pe. Frei Fidêncio (Feldmann), para a construção da gruta. Só depois de muito tempo, o Pe. Frei Fidêncio autorizou a construção”[6]. Sendo, porém, que o andamento das obras foi acompanhado pelo Pe. Frei Anésio München, OFM.

A 8 de dezembro de 1971, a gruta é citada pela primeira vez nos anais da Paróquia de Santo Amaro, por ocasião da realização da festa da Imaculada Conceição. A “cada ano está aumentando o número de romeiros”[7], diz o Livro de Crônicas de 1971. A oposição do Pe. Frei Fidêncio ao projeto talvez justifique a ausência de informações sobre a construção da gruta no Livro do Tombo da Paróquia. A imagem de Nossa Senhora de Lourdes, dada a umidade do nicho em que foi entronizada e o material com que foi confeccionada, com o passar do tempo apresentou problemas de conservação e teve que ser substituída por outra, de cimento e mais resistente.

Logo após a inauguração, não tardaram os relatos de graças recebidas pelos inúmeros fiéis que passaram a visitar a gruta. Em consideração à relevância religiosa em que a Gruta Nossa Senhora de Lourdes se constituiu, tornando-se pólo de peregrinação de toda a região, em 1982, a Prefeitura Municipal de Águas Mornas introduziu no rol dos feriados municipais o dia 8 de dezembro, data consagrada à Imaculada Conceição[8].

Na década de 1970, o idealizador da gruta, João José Steinbach, articulou a instalação da Via-Sacra no caminho que leva da igreja à gruta. Mas a oposição de alguns moradores da localidade fez com que o Pe. Frei Samuel Both vetasse o projeto[9]. Quase três décadas depois, em 2001, foram construídas as citadas estações da Via-Sacra, projetadas, por sua vez, por Rodolfo Hinkel; as obras sacras foram doadas por Henrique Hass e são de autoria de Osvaldo Afonso Zanini. As respectivas estações foram bentas pelo Pe. Frei Nolvi Dalla Costa no dia 08 de dezembro de 2001 e foram gentilmente patrocinadas pelas seguintes pessoas:

 

Estação: I

Motivação: Jesus é condenado à morte

Esperidião Amin Helou Filho, Ângela Regina Heinzen Amin, Comunidade Santa Teresinha do Menino Jesus, de Vargem Grande, e Família de Henrique Hass.

 

Estação: II

Motivação: Jesus recebe a Cruz

Comunidade de Santa Cruz, de Santa Cruz da Figueira.

 

Estação: III

Motivação: Jesus cai pela primeira vez

Comunidade Santa Teresa D´Avila, de Teresópolis.

 

Estação: IV

Motivação: Jesus se encontra com a sua mãe

Família de Maria Valmira Steinbach.

 

Estação: V

Motivação: Simão Cirineu ajuda a carregar a Cruz

Família de Francisco de Assis Garcia.

 

Estação: VI

Motivação: Verônica enxuga o rosto de Jesus

Família de Sérgio Schmidt.

 

Estação: VII

Motivação: Jesus cai pela segunda vez

Família de César Souza.

 

Estação: VIII

Motivação: Jesus consola as mulheres de Jerusalém

Família de Pedro Laurindo Steinbach.

 

Estação: IX

Motivação: Jesus cai pela terceira vez

Família de Bento Olímpio Felisbino.

 

Estação: X

Motivação: Jesus é despojado de suas vestes

Família de Bruno Hinkel.

 

Estação: XI

Motivação: Jesus é pregado na Cruz

Família de Antônio Vieira.

 

Estação: XII

Motivação: Jesus morre na Cruz

Família de Osvaldo José Steinbach.

 

Estação: XIII

Motivação: Jesus é descido da Cruz

Família de João José Steinbach.

 

Estação: XIV

Motivação: Jesus é sepultado

Igreja Matriz de Santo Amaro da Imperatriz e Comunidade Nossa Senhora Rosa Mística, de Caldas da Imperatriz.

 

Estação: XV

Motivação: Jesus ressuscita

Família de Rodolfo Hinkel, Família de Cecília Loch Steinbach e Diácono José Steinbach (in memoriam).

 

Mas a gruta não teve seu espaço físico destinado somente às manifestações de fé. Na madrugada do dia 14 de fevereiro de 2001, as imagens de Nossa Senhora de Lourdes e de Santa Bernadete foram totalmente destruídas por atos de vandalismo[10]. Após a aquisição de novas imagens, também de cimento, de autoria de Osvaldo Afonso Zanini e doadas por Maria Salete Longasato, Valmira Regis Steotassoli e pelo casal Edemar José Lohn e Zélia Lohn, em 26 de maio de 2001, realizou-se a sua reposição[11].

 

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NOTAS DE FIM

[1] João José Steinbach nasceu em 27 de agosto de 1933, em Vargem Grande e faleceu, na mesma localidade, em 29 de junho de 2003.

[2] Jornal Vitrine Popular – VIP. Santo Amaro da Imperatriz, Ano I, nº 9, de 04 a 10 de julho de 2003, p. 6. AA. Cf. também PEREIRA, Alessandra; ROSA, Andréia da. Santo Sonho – História da Gruta de Vargem Grande. Texto inédito, s/l: s/d, p. 12.

[3] PEREIRA, Alessandra; ROSA, Andréia da. Santo Sonho – História da Gruta de Vargem Grande. Texto inédito, s/l: s/d, p. 12.

[4] Informação de João José Steinbach em “História da Gruta de Vargem Grande”, Fita de vídeo VHS. APSAI.

[5] Informação de João José Steinbach em “História da Gruta de Vargem Grande”, Fita de vídeo VHS. APSAI.

[6] Jornal Vitrine Popular – VIP. Santo Amaro da Imperatriz, Ano I, nº 9, de 04 a 10 de julho de 2003, p. 6. AA. PEREIRA, Alessandra; ROSA, Andréia da. Santo Sonho – História da Gruta de Vargem Grande. Texto inédito, s/l: s/d, p. 13.

[7] II Livro de Crônicas (1969-1999) da Residência dos Franciscanos, p. 11. APSAI.

[8] Lei n. 188/82, de 10 de março de 1982. APMAM.

[9] PEREIRA, Alessandra; ROSA, Andréia da. Santo Sonho – História da Gruta de Vargem Grande. Texto inédito, s/l: s/d, p. 12.

[10] III Livro do Tombo (1978-……), da Paróquia de Santo Amaro, p. 73. APSAI. Cf. também Jornal O Regional, Ano XII, nº 565, de 16 a 22 de março de 2001, p. 6. AA.

[11] III Livro do Tombo (1978-……), da Paróquia de Santo Amaro, p. 77v. APSAI. Cf. também Jornal O Regional, Ano XII, nº 575, de 25 a 31 de maio de 2001, p. 7. AA.

 

ABREVIAÇÕES

AA = Arquivo do Autor

APMAM = Arquivo da Prefeitura Municipal de Águas Mornas

APSAI = Arquivo da Paróquia de Santo Amaro da Imperatriz

 

BIBLIOGRAFIA

JOCHEM, Toni. Uma Caminhada de Fé: História da Paróquia Santo Amaro. Santo Amaro da Imperatriz e Águas Mornas-SC. Santo Amaro da Imperatriz : Ed. do Autor, 2005, pp. 507 a 509.